Elementos constituintes da Proposta Pedagógica
I-
Introdução (Como foi elaborada a proposta, suas partes integrantes, sua
finalidade, enfatizar que é uma versão preliminar a ser analisada
posteriormente.)
II-
Pressupostos (educação –
fenômeno histórico-sociaL, socialização do indivíduo com os conhecimentos
científicos e culturais, reflexão e prática, meio de formação da cidadania,
identificadas com valores democráticos.)
III-
Funções da Escola ( Para que escola, função
político-social, que sociedade se tem/sociedade do “por vir”, o que a Escola
deve transmitir – tratar dos conteúdos, campos de experiência, eixos, etc)
IV-
Concepção e Objetivos Gerais (da disciplina ou do nível/modalidade) na Educação Básica
V-
Objetivos de Ensino na Educação
Básica (específicos)
VI-
Conhecimentos/Habilidades (temáticas,
necessidades ,expectativas motivacionais, nível de desenvolvimento da turma/ do
alunado em geral, realidade social, conteúdos – Verificar a BNC – Base Nacional
Comum Curricular e Parte Diversificada – adequação local)
VII-
Princípios didático-pedagógicos para
o ensino-aprendizagem
(perspectiva de valores, de sociedade, de educação, do sentido de cidadania,
como se entende a disciplina em questão, como se deve dar o planejamento das
atividades, organização das aulas, ações efetivas, a exemplo de tarefas de
casa, procedimentos de ensino que permitam ação-reflexão-ação, sistemática de
ensino dos conhecimentos/habilidades, como iniciar cada aula, lembrando da
retrospectiva do encontro anterior, tipos
de intervenção – metodologia de ensino, avaliação do
ensino-aprendizagem, relação professor-aluno, ambiente físico e humano)
VIII-
Referências (LDB, Parâmetros Curriculares
Nacionais, Planejamento Escolar, Plano de Desenvolvimento da Escola, Plano de
Aula, Currículo Escolar, PPP- projeto Político Pedagógico,
Regimento Escolar, Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica,
Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Orgânica do Muinicípio, PME – Plano
Municipal de Educação, teóricos como Saviana, Libâneo, Miguel Arroyo, etc.)
EDUCANDOS E
EDUCADORES: SEUS DIREITOS E O CURRÍCULO
A reflexão sobre o currículo
está instalada nas escolas. Durante as últimas décadas, o currículo tem sido
tema central nos debates da academia, da teoria pedagógica, da formação docente
e pedagógica. Miguel Arroyo indaga:
Como está chegando o debate aos profissionais
da educação básica?
Haverá um clima propício nas escolas ao repensar os
currículos?
Para o autor a resposta é sim,
e nesse texto buscou-se focar as indagações que partem dos sujeitos da
ação educativa, dos profissionais, educadores-docentes e dos educandos.
Educadores Indagam o currículo: Mudanças
profissionais vêm ocorrendo na educação, a identidade profissional vem sendo
redefinida, o que os leva a ter uma postura crítica sobre sua prática e sobre
as concepções que orientam suas escolhas.
Arroyo nos convida a refletir
diante dessa postura:
Que indagações sobre currículo vêm dessa nova
identidade profissional?
Pensemos em alguns núcleos de indagação que podem
ser objeto de dias de estudo.
O currículo, seu ordenamento, suas hierarquias, a
segmentação dos conhecimentos em disciplinas, cargas horárias não condicionam o
nosso trabalho?
Os esforços por formas de trabalho docente mais
humano não estão condicionados pelo ordenamento dos currículos?
Que mudar nesse ordenamento?
Ponto central> como condicionam nosso trabalho?
Percebemos que a organização curricular afeta a
organização de nosso trabalho e do trabalho dos educandos.
O currículo, os conteúdos, seu ordenamento e
sequenciação, suas hierarquias e cargas horárias são núcleo fundante e
estruturante do cotidiano das escolas, dos tempos e espaços, das relações entre
educadores e educandos, da, diversificação que se estabelece entre os
professores.
A organização de nosso trabalho é condicionada pela
organização escolar, que por sua vez, é inseparável da organização curricular.
Indaga-se:
Como a organização curricular condiciona a
organização da escola e por consequência do nosso trabalho?
Que organização dos currículos e da escola tornará
nosso trabalho mais humanos?
Que lógicas concepções, valores regem, legitimam
essa organização?
São igualitárias, democráticas, inspiradas no
referente político da garantia do direito de todos ao conhecimento, à cultura,
à formação como humanos?
São lógicas que permitem a humanização do trabalho
dos profissionais das escolas?
Que igualam ou hierarquizam os docentes?
Para o autor, a reorientação curricular terá de
propor a mudar essas lógicas e valores.
Os educandos, sujeitos também centrais na ação
educativa, são condicionados pelos conhecimentos a serem aprendidos e,
sobretudo, pelas lógicas e tempos predefinidos em que terão de
aprendê-los.
Uma preocupação: é ter tantos
alunos com problemas de aprendizagem e talvez muitos desses problemas sejam de
aprendizagem nas lógicas temporais e nos recortes em que organizamos os
conhecimentos nos currículos.
mais indagações...
Como os currículos afetam o trabalho de administrar
e de ensinar e o trabalho de aprender dos educandos?
Os educandos nos obrigam a rever
os currículos
O currículo vem conformando os sujeitos da ação
educativa - docentes e alunos. Conforme suas vidas, produz identidades
escolares: quem será o aluno bem sucedido, o fracassado, o aprovado, o
reprovado, o lento, o desacelerado, o especial.
Como essas tipologias de aluno são produzidas pelas
lógicas curriculares?
Como marcam as identidades das infâncias,
adolescências e até da vida adulta?
Nossas vidas dependem do aluno que fomos, bem
sucedidos ou fracassados na escola.
O ordenamento curricular não é neutro, é
condicionado por essa pluralidade imagens sociais, são a matéria prima
com que configuramos as imagens e protótipos de alunos.
Revendo os currículos no espelho dos educandos
Que faremos para alimentar o debate sobre os currículos
a partir dos educandos?
Podemos começar por levantar as concepções
reducionistas, fechadas dos educandos que ainda estão presentes quando
preparamos as aulas ou as provas, quando pensamos a função social das escolas e
da docência e quando são elaboradas políticas e propostas curriculares.
Empregáveis, mercadoria para o
emprego?
Essa uma das imagens mais reducionistas dos
educandos e dos curriculos.
As reorientações curriculares ainda estão marcadas
pelas novas exigências que o mundo do mercado impõe para os jovens que nele
ingressarão. As demandas do mercado, da sociedade, da ciência, das tecnologias
e competências, ou a sociedade da informática ainda são os referenciais para o
que ensinar e aprender.
"O mercado é pouco exigente em relação aos conhecimentos dos seus empregados. O que valoriza é a eficácia do fazer."
É sensato e profissional relativizar o papel das demandas do mercado na hora de indagar e reorientar currículos, É urgente recuperar o conhecimento como núcleo fundante do currículo e o direito ao conhecimento como ponto de partida para indagar os currículos.
O Direito aos saberes sobre o trabalho
"O mercado é pouco exigente em relação aos conhecimentos dos seus empregados. O que valoriza é a eficácia do fazer."
É sensato e profissional relativizar o papel das demandas do mercado na hora de indagar e reorientar currículos, É urgente recuperar o conhecimento como núcleo fundante do currículo e o direito ao conhecimento como ponto de partida para indagar os currículos.
O Direito aos saberes sobre o trabalho
Relativizando as demandas do mercado estaremos
negando aos educandos seu direito à preparação para o trabalho?
Teremos de separar
educação-docência-currículo e trabalho?
O direito ao trabalho é inerente à condição humana,
é um direito humano. Reconhecer o direito ao trabalho e aos saberes sobre o
trabalho terá de ser um ponto de partida para indagar os currículos.
Portanto, equacionar o
conhecimento, as competências e o currículo no referente do direito de todo ser
humano, particularmente das novas gerações à produção cultural da humanidade,
nos levará a um currículo mais rico, mais plural.
" Há muito conhecimento acumulado sobre os
mundos do trabalho, sobre os processos de produção. Por que não abrir um debate
sobre esses saberes e como os incorporar nos currículos?"
A pedagogia crítica dos conteúdos contribuiu para enriquecer os currículos com saberes sobre o direito à cidadania e sua negação, porém o direito ao trabalho, base da cidadania e de todos os direitos humanos e os saberes sobre o trabalho não tem merecido ainda a devida atenção nos saberes curriculares.
Perguntemo-nos o que impede que esses saberes sejam incorporados para enriquecer os currículos?
A pedagogia crítica dos conteúdos contribuiu para enriquecer os currículos com saberes sobre o direito à cidadania e sua negação, porém o direito ao trabalho, base da cidadania e de todos os direitos humanos e os saberes sobre o trabalho não tem merecido ainda a devida atenção nos saberes curriculares.
Perguntemo-nos o que impede que esses saberes sejam incorporados para enriquecer os currículos?
Desiguais nas capacidades de aprender?
Outra imagem presente e determinante da docência e
da administração escolar é ver os alunos como desiguais perante o conhecimento,
ou catalogá-los em uma hierarquia de mais capazes, menos capazes, sem problemas
ou com problemas de aprendizagem, inteligentes e acelerados ou lentos e
desacelerados, normais ou "deficientes". As escolas não
conseguem ver os educandos como iguais perante os saberes e a capacidade de
aprendê-los.
Essa visão marcada pela
desigualdade dos alunos perante o conhecimento é uma marca da cultura escolar.
" Para as ciências: Toda mente
humana é igualmente capaz de aprender."
RESUMO-ESQUEMA
Currículo e Desenvolvimento
Humano
Elvira Souza Lima
-Os seres
humanos adultos têm um papel de transmitir para os bebês, crianças e jovens as
ações humanas, conhecimentos, valores e cultura a fim de garantir a
continuidade da espécie.
- Educar
crianças hoje exige dos professores saberes muito distintos do que se exigia
dos professores que os ensinaram, há 20 ou 30 anos.
-O professor é
um adulto com a tarefa específica de utilizar o tempo de interação com o aluno
para promover seu processo de humanização.
-É função da
escola prover e facilitar acesso a bens culturais mais básicos como a
literatura, os livros, os livros técnicos, atualização científica, os conhecimentos teóricos, a produção artística
como também a equipamentos tais como o computador, aos instrumentos básicos das
ciências (como da biologia, física e química), aos instrumentos e materiais das
artes.
- Os
conhecimentos oferecidos pelas neurociências, antropologia, lingüística e pelas
artes são imprescindíveis para responder aos desafios de uma escola que promova
a formação humana.
- Um dos
componentes do papel do adulto está na definição do conceito de currículo e de
elaboração de seus componentes.
-Um currículo
para a formação humana introduz sempre novos conhecimentos, não se
limita aos conhecimentos relacionados às vivências do aluno-Um currículo para a
formação humana é aquele orientado para a inclusão de todos ao acesso dos bens
culturais e ao conhecimento, Está, assim, a serviço da diversidade.
-As artes
(música, geometria e desenho) fizeram parte dos currículos, em várias
civilizações em momentos históricos distintos.
-O avanço nas
várias áreas de conhecimento que estudam o ser humano em toda sua complexidade,
principalmente na área das neurociências (sobre o funcionamento
biológicocultural do cérebro), é que nos traz hoje outra dimensão para o ensino
e a aprendizagem.
--A ação da
criança depende da maturação orgânica e das possibilidades que o meio lhe
oferece: ela não poderá realizar uma ação para a qual não tenha o substrato
orgânico, assim como não fará muitas delas, mesmo que biologicamente apta, se a
organização do seu meio físico e social não propiciar sua realização ou se os
adultos não a ensinarem.
- Novos
instrumentos culturais levam a novos caminhos de desenvolvimento.
-A função
simbólica, construída pela criança é a possibilidade de representar,
mentalmente, por símbolos o que ela experiencia, sensivelmente, no real.Quando
os elementos do currículo não mobilizam adequadamente o exercício desta função,
a aprendizagem não se efetua.
-A percepção é
realizada pelos cinco sentidos externos.
-O ensino deve
mobilizar várias dimensões da percepção para que o aluno possa “guardar”
conteúdos na memória de longa duração.
-Em sala de
aula, não é somente o conteúdo que motiva, mas, sobretudo, como o
professor trabalha com o conteúdo.
-A percepção e memória estão muito próximas nas
aprendizagens escolares.
-Memória- tem
três os movimentos: o de arquivar, o de evocar e o de esquecer.
.- As impressões
gravadas na memória de longa duração, a partir das experiências vividas, podem
ser “evocadas”, trazidas à consciência.
-O desafio da
pedagogia é formular metodologias de ensino que transformem esta primeira ação
da memória (curta duração) em memórias de longa duração.
-Para as
aprendizagens escolares, precisam ser mobilizadas a memória explicita semântica
e a memória operacional.
-Memória
explicita semântica- as memórias que podem ser explicitadas pela linguagem.
Este tipo de memória engloba aquilo que pode ser lembrado por meio das imagens,
símbolos ou sistemas simbólicos.
-Todas as
linguagens são organizadas por padrões: a linguagem das ciências, das várias
áreas do conhecimento, a linguagem escrita, a matemática, a cartográfica, a
linguagem da dança, da música.
-As pessoas
tendem a memorizar, mais facilmente, aquilo em que elas conseguem aplicar
padrões.
-O ensino bem
sucedido é aquele que “instrumentaliza” a pessoa para construir, aplicar,
reconhecer e “manipular” padrões.
-Memória operacional- um sistema de
ações organizadas, segundo a natureza do comportamento como andar, dirigir e
dançar. Uma ordem de movimentos a ser seguida e esta ordem já está
“fixada” na memória
-Imaginação – Envolve a capacidade de
projeção e criação ( invenção).
-A imaginação em parceria com a memória
é capaz de recriar elementos em outras configurações.
-O professor
pode motivar seus alunos a partir de antecipações que estimulam a imaginação.
-A criança não
pode ser vista dissociada do aluno, é um único indivíduo em desenvolvimento.
-A criança
utiliza diversas estratégias para aprender.
- O objetivo da
aprendizagem deve estar explicitado para o professor e para o aluno.
- Não é qualquer
interação em sala de aula que promove a aprendizagem.
- A criança
aprende dentro e fora da escola, porém a aprendizagem escolar é científica.
- É função da
escola transformar através da prática pedagógica as funções psíquicas elementares em funções
psíquicas superiores.
- A apropriação
do conhecimento formal se dá com a intervenção de um indivíduo mais experiente,
o professor.
-A leitura é a
atividade de estudo essencial à espécie.
-As atividades
fundamentais para a aprendizagem dos conhecimentos escolares envolvem
OBSERVAÇÃO, REGISTRO, ORGANIZAÇÃO, RELATO E COMUNICAÇÃO.
-Construção de
conceito, como além do significado, que é a compreensão das múltiplas relações
possíveis existentes entre vários significados em direção ao conhecimento
organizado.
-A
“interdisciplinaridade interna” como um “link” feito pelo indivíduo entre seus
conhecimentos culturais e o conhecimento formal possibilitando uma melhor
compreensão.
[Lima, Elvira Souza]
Indagações sobre currículo : currículo e desenvolvimento humano / [Elvira
Souza Lima] ; organização do documento Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel,
Aricélia Ribeiro do Nascimento. – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Básica, 2007.
Indagações sobre currículo : currículo e desenvolvimento humano / [Elvira
Souza Lima] ; organização do documento Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel,
Aricélia Ribeiro do Nascimento. – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Básica, 2007.
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